Quando os primeiros casos de coronavírus (Sars-CoV2) foram relatados em 2019, ninguém imaginava que uma pandemia a nível mundial estaria assustando a todos até o momento. A rápida disseminação e o número de mortes relacionados ao vírus, nos fez duvidar se o mesmo realmente poderia ser controlado em tão pouco tempo.

No entanto, a corrida das empresas de biotecnologia e institutos de pesquisas estourou em todo o mundo, e cerca de um ano após o aparecimento do Covid-19, nos deparamos com a real possibilidade de vacinas eficazes contra a doença. Mas, como isso foi possível? Geralmente são anos para uma vacina ser desenvolvida. O que aconteceu de forma diferente neste caso? Bem, para esclarecer algumas dúvidas, aqui estão as razões pelas quais o desenvolvimento progrediu tão rápido:

ESTUDOS ANTERIORES COM VÍRUS SEMELHANTES

O passo inicial teve como base o trabalho preparatório realizado na pesquisa de dois coronavírus semelhantes: o gatilho para a epidemia de Sars em 2002/2003 e o da epidemia de Mers em 2012. Infelizmente, apesar dos esforços, ainda não existem vacinas aprovadas contra esses dois patógenos. Mas, graças a esse trabalho, os pesquisadores já sabiam que é a proteína de spike, ou de pico, que desempenha um papel central nas reações imunológicas.

“Spike, é a proteína usada pelo coronavírus para penetrar nas células”

MUITO DINHEIRO  

Os estudos clínicos, para o desenvolvimento de vacinas, é caro, muito caro! Geralmente centenas de milhões de dólares. Em tempos normais, os pesquisadores têm que encaminhar muitos pedidos e esperar que os fundos sejam aprovados, e isso leva muito tempo.

Felizmente, no caso do Sars-CoV-2, os investimentos necessários foram feitos. O governo dos EUA, por exemplo, liberou mais de dez bilhões de dólares como parte da Operação Warp Speed ​​para acelerar o desenvolvimento de vacinas, e só o laboratório Moderna recebeu um bilhão de dólares. Assim, com a disponibilização do dinheiro, os estudos necessários puderam ser realizados em grande escala e de forma acelerada.

COBAIAS – O RECRUTAMENTO QUE GERALMENTE LEVA TEMPO

O recrutamento para grandes ensaios clínicos, envolvendo milhares de indivíduos, geralmente é um processo demorado. No entanto, nessa pandemia global, aumentou a disposição das pessoas em participar dos testes.

PEDIDOS DE USO LIBERADOS MAIS RÁPIDO PELOS ÓRGÃOS DE LICENCIAMENTO

Não há como negar que a pandemia do coronavírus é uma emergência global, e esse é o principal motivo que levas as agências reguladoras, monitorar todo o processo, e revisar o desenvolvimento das vacinas com mais rapidez, já que o caso é de fato uma prioridade.

Assim, empresas e laboratórios farmacêuticos, devido a urgência, ganham tempo ao passar de uma fase de teste para a próxima mais rápido. Além disso, os desenvolvedores também puderam combinar fases de estudo que normalmente ocorrem separadamente umas das outras. Aqui no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também está trabalhando para acelerar a liberação dos pedidos de uso emergencial das vacinas, e graças a esse empenho, a CoronaVac e AstraZeneca (Oxford) foram liberadas, e o início da primeira fase de imunização do grupo prioritário, se tornou possível.

VACINAS EM ESTOQUE

Mesmo quando não tinham vacinas contra o Sars-CoV-2 ainda aprovada, fabricantes ocidentais começaram a produzir grandes quantidades de suas vacinas. A atitude tornou possível a rápida distribuição, assim que a vacina era liberada.

Muitas pessoas, motivadas por centenas de boatos, recusam ser vacinadas contra o novo coronavírus. Alguns por medo das temidas consequências a longo prazo, outros porque não querem enfrentar o risco da doença de Covid-19. No entanto, várias dessas afirmações vêm de pessoas que geralmente são contra as vacinas ou dos chamados “pensadores laterais” que questionam toda a pandemia corona, apesar da triste realidade. Infelizmente essas pessoas causam muita incerteza, muitos questionamentos. Para tentar auxiliar com alguns esclarecimentos, decidimos responder alguns questionamentos mais comuns.

O RÁPIDO DESENVOLVIMENTO TEM IMPACTO NA SEGURANÇA DAS VACINAS?

Segundo virologistas americanos, apesar de toda a velocidade, que é justificada pela prioridade e urgência que foi dedicada no desenvolvimento, os padrões de teste permaneceram no alto nível que é aplicado para a aprovação de vacinas. A segurança das vacinas não é comprometida pela velocidade com que são testadas.

EXISTEM MAIS EFEITOS COLATERAIS, ALÉM DOS QUE JÁ FORAM RELATADOS?

Os efeitos colaterais, como vermelhidão, inchaço, dor no local da vacinação, febre, dor de cabeça, fadiga, dores nos membros e mal-estar não só são possíveis, como são a expressão da desejada preocupação, ou reação, do sistema imunológico. Felizmente, como esperado, os efeitos colaterais desaparecem completamente após alguns dias.

PODEM OCORRER EFEITOS COLATERAIS GRAVES?

É possível. Somente depois de centenas de milhares ou milhões de pessoas terem recebido a vacina, podem ocorrer “efeitos colaterais muito raros”. Por causa desse risco, mesmo após a aprovação das vacinas para o mercado, há um controle constante, conhecido como vigilância, no qual se registra a eficácia e os possíveis efeitos colaterais.

POSSO SER CONTAGIOSO PARA OUTRAS PESSOAS, APESAR DE TER SIDO VACINADO? DEVO AINDA USAR MÁSCARA FACIAL APÓS A VACINAÇÃO?

A pessoa vacinada é apenas clinicamente imune. As vacinas não excluem a possibilidade de que a mesma possa contrair o vírus e, portanto, possa ser contagiosa para outras pessoas.

Portanto, as pessoas vacinadas devem continuar a usar máscara facial, pois se houver infecções frequentes por pessoas vacinadas, será mais difícil obter imunidade coletiva.

A VACINAÇÃO CORONA PODE TORNÁ-LO ESTÉRIL?

Não! O medo de se tornar estéril com as vacinas corona recentemente desenvolvidas é completamente infundado. Também não existe esse perigo com outras vacinas.

A VACINA TAMBÉM ATUA CONTRA CORONAVÍRUS MUTANTES?

Em dezembro, novas variantes do coronavírus foram relatadas pela primeira vez na Inglaterra e na África do Sul, as quais seriam significativamente mais contagiosas devido às mutações. Esses dois vírus mutantes mostram mudanças no que é conhecido como proteína do pico. Esta proteína é o anexo espinhoso no envelope do vírus que permite que o vírus entre nas células humanas. A proteína spike consiste em 1270 aminoácidos, que podem ser chamados de blocos de construção dessa proteína. Mutação do vírus também foi encontrado aqui no Brasil, no estado do Amazonas, e segundo estudos trata-se da mesma variante identificada no Japão, após viajantes do país passarem pelo estado brasileiro.

No entanto, estudos mostram que essas mutações não alteram muitos dos 1270 blocos de construção da proteína e as vacinas estão sendo igualmente eficazes contra as mesmas. No vírus encontrado na Inglaterra, por exemplo, foram alterados 9 dos blocos de construção da proteína.

A VACINA PODE SER ADAPTADA PARA UMA NOVA VARIANTE DO VÍRUS?

Em se tratando de uma adaptação e produção da vacina, isso ocorreria em mais ou menos 90 dias. No entanto, a iniciativa de adaptar a vacina só se tornará fato quando a necessidade de melhorar a mesma for constatada. Quando modificado, o imunizante poderá também ser aprovada em um curto período de tempo, pois seus dados básicos não seriam alterados.

PODE SER QUE A VACINA NÃO FUNCIONE COMIGO?

Sim, a imunização pode não funcionar com a vacinação. A eficácia das vacinas é muito alta, de forma que apenas alguns poucos por cento dos vacinados não surtirão efeito. Mas a vacinação não se trata apenas de se proteger. Quando, 70 a 80% da população, é vacinado, ocorre o efeito da imunidade de rebanho. O patógeno raramente encontra pessoas novas, ainda não vacinadas, para poder se espalhar de forma incontrolável. No entanto, ainda precisa ser pesquisado até que ponto as pessoas vacinadas ainda podem transmitir o vírus.

A VACINA DE MRNA, GENETICAMENTE MODIFICADA, CAUSA MUDANÇAS EM NOSSO DNA TAMBÉM?

Não! MRNA ou “RNA mensageiro”, descreve precisamente a tarefa que as moléculas de mRNA têm nas células do corpo, a de mensageiros. O mRNA nada no fluido celular, indo até os componentes da célula que são responsáveis ​​pela produção de proteínas, e diz quais proteínas devem produzir.

Produzido artificialmente, o mRNA induz a célula a produzir aquelas partes do vírus com as quais o sistema imunológico pode começar a se adaptar à defesa do vírus. Quando um vírus completo emerge, o sistema imunológico já está em alerta por meio do treinamento nas partes do vírus fabricadas anteriormente e evita o surto da doença de Covid-19.

As moléculas de mRNA não permanecem na célula por muito tempo, mas se rompem novamente em alguns dias, assim como o RNA produzido pelo próprio corpo. Nosso genoma, o DNA, por outro lado, é muito estável.

A VACINAÇÃO CONTRA O CORONA PODE CAUSAR DOENÇAS AUTOIMUNES OU CÂNCER?

Não! Doenças autoimunes ou câncer não podem ser desencadeados por uma vacina. Até agora, não houve estudos que mostrassem uma conexão causal entre uma vacinação (em geral) e uma doença autoimune de ocorrência recente ou uma doença inflamatória crônica ou uma recidiva de uma doença existente.

O VÍRUS ESTÁ SE TORNANDO MAIS CONTAGIOSO, MAS NÃO FAZ COM QUE A DOENÇA SE DESENVOLVA DE FORMA MAIS GRAVE, POR QUE ISSO AINDA É UM PROBLEMA?

Há muitas evidências que sugerem que existem variantes mutantes que são mais contagiosas do que o vírus original. Embora esses vírus não causem doenças mais graves, eles podem infectar mais pessoas ao mesmo tempo e assim, um círculo vicioso de elevada taxa de infecção, resulta em mais mutações e, portanto, no aumento no número de casos graves de Covid-19. As consequências são mais doentes a serem tratados ao mesmo tempo em hospitais, o que, por sua vez, pode sobrecarregar o sistema de saúde e causar mais mortes. Só há uma maneira de parar essa espiral fatal, desde que grande parte da população não seja vacinada. E isso é minimização de contato.

POR QUE TENHO QUE SER VACINADO DUAS VEZES?

A vacinação dupla é necessária para garantir que a melhor proteção possível contra o vírus seja desenvolvida no maior número de pessoas possível. A primeira dose da vacina reduz em até 50% das complicações causadas pelo Covid-19, enquanto na primeira semana após a segunda dose, essa taxa aumenta para até 95%.

SE EU TIVE CORONA, MAS NÃO SEI POR TER SIDO ASSINTOMÁTICO, E DEPOIS ME VACINO. ISSO É UM PROBLEMA? OU SE ACABEI DE ME INFECTAR E NEM PERCEBO NADA …

Se alguém que já teve a doença de Covid-19 for vacinado, a vacinação não é prejudicial. Na pior das hipóteses, a pessoa vacinada é uma das poucas para as quais a vacinação não vai funcionar. Além disso, a vacinação também pode estimular mais o sistema imunológico e o resultado será uma proteção imunológica ainda melhor e mais duradoura. Todavia, vacinar alguém que acabou de ser infectado sem saber pode ajudar um pouco a reduzir a agressividade do vírus, mas pode não necessariamente prevenir a doença.

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A CORRIDA MUNDIAL PELA VACINA CONTRA O CORONAVÍRUS

HÁBITOS QUE DEVEM SER MANTIDOS AO SAIRMOS DO ISOLAMENTO